Em sua mais nova e original série – The O.A, a Netflix trouxe uma grande e valiosa cena que rende discussões que muitas vezes não chegam a conclusões. Nela, há uma professora desesperada e ansiosa pela expulsão de um aluno problemático, sádico e agressivo, que não tem preocupações com as consequências de seus atos dentro e fora da escola. Conversando com sua suposta madrasta, ela relata todos os maus tratos que o enteado faz com os colegas, delatando o mais recente, uma agressão a um aluno do coro que teve sua traqueia machucada por um soco na garganta, impossibilitando-o de cantar na competição nacional. Completa dizendo que não se importa de onde vem e o porquê da violência, mas não a quer na escola que ela leciona. A madrasta, então, diz que entende a posição da professora e justifica que seu enteado está perdido e confuso e que, para achá-lo, a educadora teria de se reeducar, o que não o faria, pois perdera a vontade de aprender ao longo do caminho. Completa ao dizer: “se quiser fazer o seu trabalho, vá em frente, expulse o brigão. Concentre-se no garoto que canta como um anjo, mas que não precisa de você. Se quiser ser professora, ensine meu enteado. Ele é o garoto que você pode ajudar a se tornar um homem. Ele é o garoto que você perdeu.”
A situação levanta dois olhares para a educação: o dos pais, cegamente protetores de um filho agressivo e destrutivo e a da educadora, desistente de trabalhar com alunos deste perfil. Esse comportamento é muito comum nas escolas de hoje em dia, tanto da parte dos pais quanto da parte dos professores, que quase sempre preferem lidar com o garoto da voz de anjo a lidar com os que precisam. Como, então, resolver com essa situação?
Na passagem da qual a personagem da madrasta diz que a educadora perdera a vontade de aprender ao longo do caminho, percebemos sua veracidade quando comparada com as atitudes tomadas por alguns professores. Não há mais a vontade de se aperfeiçoar e conseguir atingir o educando.
Em parceria com universidades de renome – Harvard University, Massachusetts Institute of Technology, Boston University, entre outras -, o site http://www.edx.org disponibiliza cursos online, com opção de certificado internacional, de diversos temas, dentre eles, o Family Engagement in Education – “Engajamento Familiar na Educação” em tradução livre. Este curso introduz e traz pesquisas de desempenho de alunos cujos pais e professores, juntos, engajam no sistema educacional e na comunidade.
As pesquisas apontam para uma melhora de desempenho, aprendizado e comportamento quando os pais e professores participam ativamente na vida escolar e comunitária do aluno, como APM (Associação de Pais e Mestres), eventos do calendário escolar (apresentações teatrais, reuniões pedagógicas) e abertura às dicas e sugestões dadas pelos professores aos pais. Ao longo do curso, nos é pedido leituras de artigos e livros (todos em inglês) para discussão sobre a possibilidade de implementação no sistema educacional em que vivemos, já que estas pesquisas foram feitas em um sistema educacional estadunidense. Seria possível, no Brasil, tal feito? Essa parceria feita por ambos educadores (pais e mestres) reverteria a fala da personagem madrasta e transformaria, da melhor forma possível, o garoto em homem?
Vale a pena tentar?
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