- Sobre amadurecer – Lilian Nardes - 20/12/2016
Quando nasci a tv já era em cores, já haviam inventado o PROZAC, o carnaval já era sinônimo de Brasil e o Botafogo já era campeão (desde 1910 kkk).
Quando nasci fui ensinada a não fazer estardalhaço em público, a não confiar nos homens, a nunca parar de trabalhar e não deixar de ver TV.
Tudo estranho pra mim…
O processo de amadurecimento é pessoal e intransferível. Por anos mastiguei e digeri as verdades que me impuseram.
Mulher tem que cuidar bem da casa, pintar a unha, ser delicada, batom, louça limpa, marido e filhos, salto alto, meia calça, dinheiro, café, respeito, fio dental, tv, pílula, ser feliz, feliz por estar viva, ser feliz, feliz…
Tenho que ser feliz!!!
Agora eu pergunto, meus amigos, dá pra ser feliz seguindo regras que não são minhas, verdades que não racionalizei?
Somos jogados nesse mundo, indefesos. Levitamos na adolescência cheios de entusiasmo, de sonhos. No entanto, a sociedade impõe critérios pesados, inalcançáveis… Diante disso, colamos os pés no chão pra poder prosseguir.
Tenho amigos que se adaptaram bem a esse mundo, gostam mesmo de viver pra trabalhar, juntar dinheiro pra poder gastar. Dançam divinamente entre os corredores estreitos da sobrevivência capitalizada.
Deve ser tão cansativo, mas dizem que vale a pena!
Mas eu, depois de olhar atentamente cada detalhe do meu subconsciente, depois de estudar sobre meus motivos, e tudo que herdei da minha criação, descobri que tenho o direito de jogar muita coisa fora.
Posso escolher pelo que sofrer e pelo que ser feliz, posso tomar minhas decisões sem culpa. A vida é minha, no fim ninguém chora minha dor, só meus próprios olhos, entendem?
O mundo já existia antes de mim, não pude opinar sobre tudo que aqui está, e mesmo que seja obrigada a seguir todas as regras pra sobreviver, vou permanecer optando por largar tudo de vez em quando, me dar o direito de ser triste ou apenas olhar o tempo dos meus dias passar…
Amadurecer é ser sincero consigo.
Independente do que te ensinaram no começo.
Pra quem leu até aqui, meu muito obrigada!