Não deixe o jazz morrer – Karol Póss

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Karol Póss – Aluna do curso de Letras da Uniso

Não deixe o jazz morrer — essa é a principal mensagem deixada por La La Land, filme americano lançado em 2016 que é um dos mais fortes concorrentes ao Oscar desse ano. Localizado em Los Angeles, Sebastian (interpretado por Ryan Gosling) é um pianista apaixonado por jazz que luta para manter o estilo musical vivo e em sua mais original versão. Seu sonho é abrir um clube de Jazz e poder finalmente deixar seu trabalho de tocar músicas natalinas em bares. Mia (na pela de Emma Stone) pouco sabe sobre tal ritmo, mas a atriz aspirante apaixona-se por Sebs e pela música. Esse amor, entretanto, passará por várias situações de risco, uma vez que os pombinhos precisam seguir caminhos separados para realizarem seus respectivos desejos.

O cineasta responsável pelo roteiro e direção do longa é Damien Chazelle, que trouxe não somente os principais elementos da chama do Jazz, mas também dos musicais que marcaram o século passado. Se você é um fã de filmes cantantes e dançantes, La La Land pode ser a pedida perfeita para resgatar todos os bons sentimentos que há tempos não eram entregues no mercado do cinema – ao menos não com tal qualidade.

Além disso, ainda comprova o quão completa é Emma Stone como atriz. Para alguém que já trabalhou em comédias, filmes de heróis e romances, concretizou-se também como uma excelente cantora e performer, que realizou números dignos de uma peça musical das grandes casas de espetáculos. Ryan, mesmo um tanto ofuscado pela sua contracenante, também demonstra um trabalho firme em suas atuações – e os dois em conjunto são belos, finíssimos!

Aos amantes de uma boa fotografia, as brincadeiras de Linus Sandgren com as cores e cenários chama a atenção. Seja entre os tons brilhantes e multicoloridos de cenas específicas, seja o truque das sombras para destacar momentos especiais do casal protagonista, é tudo bem trabalhado para harmonizar com a história e as emoções dos personagens, assim como forçar o público a sentir o mesmo.

Sentir na pele o nervosismo de um fã de jazz vendo a sua paixão morrer e ver-se incapaz de fazer algo a respeito – mesmo quando nada conhecemos do estilo, ainda é possível compreender seus pensamentos. Sentir as incertezas daqueles que, em um momento estão felizes pelas realizações de seus planos, mas por outro lado, encontram-se em um dilema carregado pelos desencantos da vida real: nem tudo é do jeito que queremos e, as vezes, precisamos abrir mão de algumas coisas para dar espaço à novas.

La La Land é, portanto, mais próximo da nossa realidade do que muitos outros filmes românticos recentes. Mesmo com seu apelo emocional clichê, toda a atmosfera índole é estritamente trabalhada para que o roteiro não beire o raso, mas sim transborde de conteúdo e qualidade. Com um show musical, cenográfico e de texto, não é chocante o destaque que esteja recebendo nas importantes premiações, e sim válido.

Karoline Poss
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