Não sei como começar esse post sem deixar minha alegria, surpresa e excitação de lado.
Sei que a coluna é referente aos filmes lançados na semana, mas a arte vem de muitas formas e todas devem ser exploradas.
Saindo um pouco do padrão seguido desde o mês de março, hoje vou falar de um romance que me pegou de jeito, que não me deixou dormir noite passada, que me fez virar e revirar as páginas, parar de ler para refletir o que tinha acabado de ser lido, enfim, um romance do capiroto que me vi compactuando.
Minha história com essa obra: em 2013, uma colega de trabalho, que veio a ser uma grande amiga nos dias de hoje, me indicou um livro dizendo ser “a obra de sua vida.” Curioso, peguei emprestado o objeto de 307 páginas e como bom brasileiro segui a tradição: nunca mais o devolvi, mesmo sob súplicas constantes.
Tentei lê-lo uma vez mas a leitura não me agradou. “Que livro uó”, pensei. Quando sua dona me perguntava se estava lendo, apenas confirmava com uma expressão maravilhada!
Depois de alguns anos, tentei novamente a leitura e mais uma vez não consegui. Já havia sentenciado aquele o pior livro da minha vida.
Porém, neste terceiro semestre do curso de letras, os alunos, em Teoria da Literatura – Prosa, tiveram que indicar um romance para outro ler a fim de ser feito um trabalho a respeito da obra indicada. E que obra veio em minhas mãos? Exatamente!
Em meu sorriso corria lágrimas de decepção, pois conseguia, na linha de “As Visões de Raven”, prever minha dificuldade com a leitura – que agora é obrigatória – e o trabalho pedido.
Acordei às 3:00 da manhã de quarta para quinta. Até o meu sono sentiu a insustentável leveza do livro. Sem conseguir fechar os olhos à inconsciência, decidir pegar na minha estante o temido e começar a ler. E para minha surpresa, estou na página 127 com muita alegria, excitação, angustia e muito, mas muito surpreso ao perceber que amadureci a tempo para conseguir desfrutar dessa leitura.
Não vou falar sobre a obra – que envolve política (comunismo e invasão Russa na Tchecoslováquia), erotismo, amor, traição e muita psicologia – neste momento, até porque não terminei a leitura, mesmo achando digna de um post.
Posso apenas dizer que esse livro é a obra de minha vida, Camila, amiga que de quem o “emprestei”.
Sinto-me a pessoa mais folgada do mundo: além de não devolver o livro, me apropriei da obra que ora era da vida de minha amiga. Gata, sorry. Apenas aceite.
Terminarei este, que é post com menos gifs sem deixar de ter minha paixão em cada palavra, com algumas passagens que arrepiaram os pelos de meu dedão do pé e me fizeram divagar no pensamento:
“Tudo é vivido pela primeira vez e sem comparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida?”
“Aquilo que não é consequência de uma escolha não pode ser considerado como mérito ou fracasso. Diante de uma condição que nos é imposta, é preciso, pensa Sabina, encontrar a atitude certa. Parecia-lhe tão absurdo insurgir-se contra o fato de ter nascido mulher quanto glorificar-se disso.”
“Não existe nada mais pesado que a compaixão. Mesmo nossa própria dor não é tão pesada como a dor co-sentida , com o outro, pelo outro, no lugar do outro, multiplicada pela imaginação, prolongada em centenas de ecos.”
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