Bala perdida no meu peito,
Feriu meu coração,
Ruas da cidade,
Bares, lanchonetes e mercados,
Favelas, morros e bairros luxuosos,
Ninguém está livre da violência,
Ninguém está livre do mundo que construímos.
O que será de nossas crianças amanhã?
Será que elas ainda existirão?
Será que nós ainda existiremos?
Bala perdida em minha cabeça,
Feriu a minha mente,
Fazendo-me pensar num mundo totalmente mudado;
Violência na própria escola,
No próprio trabalho, no próprio lar em que vivemos.
Desemprego aumentando,
A fome apertando,
O dinheiro acabando,
Onde estão as nossas famílias?
Onde está a nossa paz? A nossa alegria?
Bala perdida em minhas mãos,
Feriram meus dedos,
Eu vi meu trabalho e tudo que conquistei,
Acabar naquele momento, em minhas mãos
Ensanguentadas com o sangue de minhas veias,
Tudo que suei, tudo que lutei para conseguir,
Toda a vida digna que dei a minha família,
Todo amor e carinho que construí,
Toda a minha história feita com amor,
Tiraram de mim a minha vida…
Bala perdida no meu coração,
Feriram meus sentimentos,
Crianças sem um lar, sem uma família,
Pedindo esmolas nas ruas,
Enrolando-se em folhas de jornal e as fazendo de cobertor,
Necessitando de carinho, de atenção,
De um gesto de amor, de compreensão,
Idosos que nunca mais tiveram um lar,
Abandonados pela sua própria família,
Pessoas sem tempo, nem para dar um último suspiro…
Bala perdida no mundo,
Feriram todos nós,
Trouxeram a guerra, a violência,
A mortalidade infantil e muitas outras dores,
Uma brutalidade sem igual nos próprios corações,
Uma vida sem destino, sem rumo.
Perdidos estamos, neste mundo,
Sem paz, sem abrigo, sem luz!
Com medo, vivendo uma terrível realidade,
Aceitando tudo e se calando para o mundo.
Bala perdida no ser humano…
Até onde mais iremos chegar?!…
Por: Mari Moraes
Apresentado pela mesma no Sarau do Salão Vermelho do Campus Trujillo com a presença do professor Aldo Vannucchi
- Bala Perdida – Mari Moraes - 01/02/2017